terça-feira, 17 de janeiro de 2017

TSU BAIXA PARA PATRÕES. QUEM NÃO CHORA NÃO MAMA...


Mário Motta, Lisboa

Nestes dias transatos a novela TSU / Salário Mínimo tem vindo a subir de tom. Para garantir o aumento do salário mínimo o governo cedeu, em sede de Concertação Social, e decidiu baixar a TSU. A choradeira dos patrões e a repetida demonstração das tendências esclavagistas foi tal que o governo de Costa aceitou descer a comparticipação na Taxa Social Única em 1,25 por centro. Patrões “esmifras” são useiros e vezeiros no dar com uma mão e tirar com a outra.

PCP e Bloco discordaram (bem) desde o principio da baixa da TSU para os patrões, fazendo finca-pé no aumento do salário mínimo. Até aqui tudo bem. Faz sentido que PCP e Bloco defendam que não se justifica para o patronato a baixa da TSU. Principalmente para o grande patronato, as grandes empresas. Contudo parece que se esqueceram de aceitar que a baixa da TSU devia só abranger as micro-empresas e (talvez) as médias. Esse debate não foi feito, tanto quanto me foi dado perceber.

Porque assim e porque assado, temos levado os dias a ouvir sobre a TSU. Até que o PSD, na pessoa de Passos Coelho, maioral daquele burgo laranja, disse o que não foi surpresa: concorda com a perspetiva do PCP e do Bloco. O sujeito tem afirmado abertamente que no Parlamento o PSD vai votar contra a descida da TSU implementada pelo governo em Concertação Social. Porquê? Porque sim. Porque Passos Coelho é contra tudo deste governo mesmo que para isso tenha de cair em contradição e afastar-se do que ele mesmo faria (baixar a TSU) se fosse governo. A diferença é que não haveria aumento do salário mínimo.

Nomes sonantes do PSD já vieram a público declarar-se contra a opção tomada por Passos. Parece que Passos afinal está a mostrar à saciedade aquilo que vale como pessoa e como político incoerente: nada. Não é surpresa para os que há tanto tempo dizem e escrevem isso mesmo.

Um PSD de destaque demonstrou hoje que Passos vale exatamente nada. Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, promulgou de supetão, em menos de 24 horas o diploma que consagra a baixa da TSU. Ora toma lá, oh Passos!

Também hoje na Assembleia da República governo e partidos políticos debateram a baixa da TSU. Aqui del-rei que os patrões são uns esmifras e patati-patatá… Pois. Compreende-se a coerência do PCP e do Bloco de Esquerda mas facto é que também dá para compreender o governo PS, que acabou por ser coerente e dar mais algum a ganhar aos patrões que depois esbanjam sem consideração pelos que são as suas fontes de enriquecimento, os trabalhadores. Há desses (muitos) e os de sentido contrário. Há ainda os que arrecadam os lucros em paraísos fiscais… impunemente. Os das grandes empresas.

É certo que esta novela da TSU está para durar. Tudo indica que Passos Coelho sairá de cueiros borrados. Contudo o suspense perdurará até que as vacas tussam e nos presenteiem com matéria de origem dos quartos traseiros, umas valentes bostas. Como quem denuncia: “Olhem que os patrões estão a dar com uma mão mas a tirar com a outra”. Sabemos que é sempre assim mas nada melhor que ir alertando. Felizmente que o patronato não tem três ou quatro mãos. Assim roubaria muito mais. Bem, mas por vezes até parece que têm 30 ou 40 mãos… para além daquela que usam para “oferecer” um aumento de miséria, sempre de miséria.

A seguir, duas notícias relacionadas para atualização dos mais distraídos. Abriguem-se, vem aí frio de rachar. Brrrrr!

MM / PG 

Patrões, UGT e Governo assinam acordo para salário mínimo e descida da TSU

Patrões, UGT e Governo assinaram o Compromisso para um Acordo de Médio Prazo, que prevê o aumento do salário mínimo nacional para 557 euros e a descida da Taxa Social Única em 1,25 pontos percentuais.

Em comunicado conjunto, as confederações empregadoras afirmam que "este compromisso prova a responsabilidade dos que o assinaram, acautelando os seus interesses, mas, sobretudo, valorizando objetivos comuns e garantindo estabilidade social".

A UGT, que também assinou o compromisso, reafirma, em comunicado, tratar-se de um "acordo tripartido fundamental".

Presidente da República promulga descida da TSU

Marcelo Rebelo de Sousa promulgou quatro diplomas, entre eles o que prevê a descida da Taxa Social Única paga pelas empresas, como medida excecional e temporária de apoio ao emprego.

De acordo com uma nota divulgada na página da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa promulgou esta terça-feira quatro diplomas, incluindo o "decreto-lei que cria uma medida excecional de apoio ao emprego através da redução da taxa contributiva a cargo da entidade empregadora".

Segundo um comunicado do Conselho de Ministros, este decreto-lei, aprovado por via eletrónica na segunda-feira à noite, "cria uma medida excecional e temporária de apoio ao emprego através da redução da taxa contributiva da Segurança Social a cargo da entidade empregadora".

Lusa / TSF

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