sábado, 18 de fevereiro de 2017

Angola. PELA EDUCAÇÃO "MORRE O PEIXE"!



PELA PIOR VIA POSSÍVEL, DESTE MODO OS EXPEDIENTES DA INTELIGÊNCIA ECONÓMICA PORTUGUESA VISAM CRIAR UM AMBIENTE DE ASSIMILAÇÃO, AINDA QUE ATRAVÉS DE PROCESSOS POUCO CLAROS EM FUNÇÃO DOS INTERESSES INERENTES, COMO UMA PLATAFORMA DE ASSALTO A ANGOLA NA VIA NEOCOLONIAL!...

A pirataria de livros escolares em Angola,... continua!

António Jorge*, Luanda

Enquanto que os SME, inviabilizam a Editora Mensagem, que é angolana, não me deixando trabalhar por via dos impedimentos legais escusos, outros,... editoras estrangeiras, vão tomando conta do mercado dos manuais escolares em Angola.

É caso para dizer-se, que o polvo dos livros escolares em Portugal, já chegou a Angola, e que há muito por cá anda,... e vão assumindo cada vez mais, uma posição dominante, em muitos casos de forma ilegal e transformado também nesta questão, Angola re-colonizada pelos manuais escolares Made in Portugal, não só nos seus aspectos gráficos, mas também nos conteúdos.

Era recorrente e os responsáveis sempre fecharam os olhos, a existência de manuais escolares concebidos para Portugal, serem comercializados em Angola, como se da reforma escolar fizessem parte,... Com conivência superior, eram aplicadas as capas dizendo, autorizado pelo INIDE, e assim os alunos durante estes anos foram comendo o que lhes davam, para comprar, numa operação idêntica a outras, de falta de transparência, cuja função não é servir Angola e muito menos a um ensino adequado, mas antes outras razões perversas, contrárias à ética e ao patriotismo.

Hoje, (16.2) e já desde há tempos porque sabia estar em curso mais uma operação,... desloquei-me mais uma vez às grandes superfícies para ver o que para lá anda em matéria de livros escolares e cadernos de actividade, qual não é o meu espanto, apesar de eu desde há tempos procurar encontrar, vejo os manuais de geografia para o primeiro ciclo, a 7ª, 8ª e 9ª, classe da Texto Editores, feito em Portugal, não aprovados pelo conselho cientifico do INIDE - Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento da Educação.

 Claro que isto acontece porque existe uma conexão de interesses cá dentro, ligados ao polvo, em prejuízo dos alunos, da educação, da independência nacional e da ética política,.. porquê,... adivinhem.

Acontece que os manuais de geografia aprovados para o primeiro ciclo, são da Editora Mensagem, devidamente licenciados pelo INIDE, em Angola. O mercado do livro escolar em Angola ainda é regulado pelo Ministério da Educação, ou deveria ser.

Porém, alguém e ao arrepio das orientações superiores, vai liberalizando o mercado dos livros escolares.

(Aliás, ainda se mantém parte da divida pelo fornecimento, desde Maio de 2012, dos manuais do primeiro ciclo de história e de geografia por pagar à Editora Mensagem por parte do INIDE - ME)

Não resisto em citar as palavras de Agostinho Neto, feitas em Junho de 1978:

“Hoje a África parece um corpo inerte, onde cada abutre vem debicar o seu pedaço”.

Outros casos não menos graves vão minando a educação e os bons princípios éticos numa área tão sensível e decisiva para o desenvolvimento de Angola, como é a educação.

É de bradar aos céus, durante meses a fio nas principais ruas de Luanda, foram vendidos fraudulentamente à vista de toda a gente, milhões de livros escolares do anterior sistema vigente do sistema de ensino em Angola, já substituídos, não tendo qualquer utilidade, desde o inicio da reforma escolar em 2001.

Só depois de escuado todo o stock vendido ao publico nas ruas já desactualizados, retirados dos Armazéns da Edimel na marginal de Luanda, não se sabe como,... e que foram adquiridos numa manobra enganosa pelos pais e encarregados de educação, enganados deliberadamente, ainda por cima neste contexto grave de crise e dificuldades acrescidas, comprando lixo para os seus filhos, por valores de aproximadamente de 1000 Kwanzas cada livro (cerca entre 5 e 6 dólares).

Angola tem hoje autores capacitados de nível internacional, tem editoras nacionais com experiência bastante para servir o mercado e a população escolar como parceiros do Ministério da Educação numa perspectiva da defesa dos interesse nacionais, e ainda porque através do despacho de Abril de 2009, que criou a Comissão Nacional do Livro e dos Equipamentos Escolares, o Estado financiou em milhões de dólares empresas para a criação de um parque gráfico capaz e moderno, com o aparecimento de novas e grandes gráficas e a transformação de algumas pequenas em médias e grandes gráficas, para produzirem os livros que Angola precisa e até poderem exportar para África, e que já hoje está até sobre-dimensionado esse parque para as necessidades internas e que, em vez de se importar se deveria fazer em Angola o que se pode fazer, em vez de se deixar saírem muitos milhões de dólares em divisas, para o pagamento de trabalhos gráficos de edições de manuais escolares desnecessários, feitos no exterior e que tanta falta fazem ao país, mais ainda nesta altura de crise.

Assim vai e educação.

*António Jorge - editor e livreiro em Angola

Nas imagens os livros piratas de geografia agora em distribuição em Angola, vindos de Portugal. E alguns dos livros do tempo do anterior sistema vigente, que foram vendidas num processo de burla ao consumidor,... dizem que por assalto à Edimel - A Edimel era uma empresa do Estado que antes tinha a função da distribuição de livros escolares nas escolas.


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