domingo, 1 de outubro de 2017

DEIR EZ-ZOR, A VIRAGEM FINAL APROXIMA-SE!



Martinho Júnior | Luanda 

1- A vitória dos emergentes, a vitória da Síria, assim como a vitória do Iraque, começa a aprontar-se para as questões finais!

A “civilização judaico-cristã ocidental”, segundo a batuta da orquestra que integra os Estados Unidos, a NATO, os falcões de Israel e os aliados das monarquias arábicas são os grandes derrotados!

As ementas neoliberais, que promovem a hegemonia unipolar para os da “civilização judaico-cristã ocidental” e o caos, o terrorismo e a desagregação para o resto do mundo, se ética e moralmente já há muito estão derrotados, agora estão sem soluções económicas, de inteligência, militares, ou outras, pelo que, sem cosmética resta esconder a cabeça na areia escaldante dos desertos da região!

2- As alianças mais perversas vão ficando a descoberto, pelas notícias que vão chegando dos fronts e da diplomacia: sabe-se hoje com cada vez mais consistência, quem financiou o Estado Islâmico, as redes da Al Qaeda (qualquer que o nome por que se esconde), ou os grupos “moderados” (só a hipocrisia e o cinismo “ocidental” tinha possibilidade de criar uma ilusão dessas) e à medida que tudo entra em colapso do lado dos projectos da “coligação”, a crueza da verdade vem ao de cima, como o azeite sobre a água!

O Estado Islâmico já perdeu 70% do território que controlava na Síria e até ao seu fim haverá uma aceleração das ofensivas sírias.

Os “aliados” curdos têm a oportunidade agora de ensaiar uma saída para a armadilha em que se encontram em função da “coligação”, sabendo-se que o seu papel contra o Estado Islâmico e as redes da Al Qaeda não foi decisivo, nem na Síria, nem no Iraque, quanto queriam os media da hegemonia fazer crer.

Na Síria, por exemplo, alimentam um pântano em Raqqa, que ainda não foi totalmente tomada, enquanto as Forças Árabes Sírias tomaram Deir ez-Zor e avançaram para território a norte do rio Eufrates, onde Rojava tem tido quase expressão única.

A Síria está disposta a não deixar para outros os seus poços de petróleo e gás e, se os curdos ripostarem aos avanços das Forças Árabes Sírias, arriscam-se a receber o mesmo tratamento que o Estado Islâmico e os grupos da Al Qaeda (ainda que com o rótulo de “moderados”) têm sofrido.

Por influência da coligação, “rebeldes moderados” instalados na bolsa de Idlib, procuraram iniciar uma ofensiva contra as Forças Árabes Sírias, apanhando-as pela rectaguarda de sua manobra em direcção a Deir ez-Zor, mas o seu plano foi descoberto e estão a contas com ataques aéreos sírio e russo, simultâneos às barragens de artilharia, infiltração de forças especiais e contramedidas de todo o tipo que os levarão ao tapete.

3- Em resultado da derrota, os Estados Unidos expõem-se ao ridículo, ainda mais com o espantalho do seu empertigamento militar contra a América Latina (com Cuba e a Venezuela Bolivariana no horizonte), como em relação à Coreia do Norte.

Na Coreia do Norte a derrota de suas pretensões não é ofuscada pela retórica: se houver qualquer ataque, as respostas podem atingir a Coreia do Sul, o Japão e Guam, no mínimo e isso seria um desastre ainda maior, que nada tem a ver com a simples retórica que não altera presente “stato quo”.

Um ataque à Coreia do Norte iria obrigar os vizinhos, República Popular da China e Rússia, a entrar na guerra, com consequências imprevisíveis… e alguns avisos já foram sendo feitos a propósito, no sentido de não haver mais escalada por parte dos Estados Unidos e seus aliados regionais, possibilitando as partes a sentarem-se à mesa de negociações!


4- Cada vez há mais estados tentados em abandonar o dólar como moeda-padrão para os negócios internacionais, apesar de se saber que esse tipo de iniciativas levaram antes à morte de Saddam Hussein e de Kadhafi, assim como ao colapso o Iraque e a líbia, contaminando as regiões adjacentes.

O próprio carácter do poder dos Estados unidos, minado pelos “lobbies” de sustentação que quantas vezes não possuem nem interesses, nem convicções em comum, reage de forma desconexa, o que aumenta a falta de credibilidade a nível internacional.

Derrota, descrédito e cada vez mais dedos apontados pelo facto dos Estados Unidos se assumirem desde a IIª Guerra Mundial como o constante e principal factor de desestabilização internacional (inclusive em muitos círculos internos), dão corpo à derrapagem que, se o dólar continuar a perder terreno, se tornará numa rampa inclinada na direcção do abismo!

O terreno está fértil para a “road and belt” e não haverá ninguém a poder parar a nova Rota da Seda, que terá na Síria um dos seus terminais!

Martinho Júnior - Luanda, 24 de setembro de 2017.

Imagens:
Três mapas da Síria dos últimos dias, ilustrando o colapso do Estado Islâmico e um mapa final que mostra fotos de unidades estado-unidenses em território do Estado Islâmico sem serem molestadas (Deir ez-Zor).

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